Tempo de reflexão
Ontem, o povo Português foi chamado a pronunciar-se acerca da despenalização da IVG se realizada até às 10 semanas por opção da mulher em estabelecimento de saúde legalmente autorizado, tendo a resposta sido clara e inequívoca, SIM! Seis em cada dez dos quase quatro milhões de Portugueses que foram votar, optaram pelo sim. Criaram-se assim as bases para a assembleia da república legislar no sentido desejado pela maioria dos Portugueses que foram votar.
No entanto, mais uma vez fiquei triste com o Povo Português. Mais uma vez um referendo não foi vinculativo, pois mais de metade dos recenseados não foram votar, preferindo ficar no sofá ou ir ao Shopping em vez de dar o seu contributo a uma democracia participativa. Mais uma vez, mais de metade dos Portugueses votantes, preferiu que decidissem por eles em vez de contribuírem para essa decisão. Que legitimidade tem, quem nem sequer se dá ao trabalho de ir votar, de reclamar contra o governo e as suas medidas? Se não estão dispostos a ir votar, como podem reclamar do estado do país? Fico envergonhado com a falta de disposição para a democracia que mais uma vez ficou demonstrada. Parece que preferem ter alguém que decida por eles, como acontecia nuns tempos que terminaram faz em Abril 33 anos, do que terem o “trabalho” de ir votar como é seu dever cívico e decidir segundo a sua consciência.
Apesar de uma abstenção de 56,39%, este referendo foi muito mais participado do que em 1998. De uma abstenção de 68% desceu para 56,39% o que se traduz em mais um milhão de pessoas que foram votar, em relação a 1998.
Apesar de juridicamente não vinculativo, estão criadas todas as condições para a lei ser alterada em concordância com o desejo da maioria dos Portugueses que foram votar. Os votos no sim subiram muito em todos os distritos (nalguns casos a votação no sim duplicou), mesmo naqueles em que perdeu. Houve inclusivamente 3 distritos (Porto, Castelo Branco e Leiria) em que o sentido do voto mudou em relação a 1998 pois o sim venceu agora nestes distritos. Sendo assim cabe agora à Assembleia respeitar esta decisão.
É importante que todos os partidos se unam para que se possa fazer uma boa e adequada lei com a contribuição de todos. É urgente que a fractura que se deu na população Portuguesa derivada desta questão termine e se sanem as divergências, lutando por ajudar todas as mulheres, quer aquelas que desejem abortar, quer aquelas que desejem levar a gravidez até a fim, combatendo assim o flagêlo do aborto clandestino.
Congratulo-me com o resultado deste referendo, pois foi venceu a opção que eu decidi tomar e defender segundo a minha consciência.
Saúdo todos aqueles que foram votar independentemente da sua opção, pois fizeram-no segundo a sua consciência e deram o seu contributo para a resolução desta questão. Não posso deixar de agradecer a todos aqueles que com as suas opiniões e comentários efectuados aqui, contribuíram para um debate saudável e esclarecedor, que enriqueceu em muito o meu blog. A todos vós, quer aos defensores do sim, quer aos defensores do não, o meu Muito Obrigado!
No entanto, mais uma vez fiquei triste com o Povo Português. Mais uma vez um referendo não foi vinculativo, pois mais de metade dos recenseados não foram votar, preferindo ficar no sofá ou ir ao Shopping em vez de dar o seu contributo a uma democracia participativa. Mais uma vez, mais de metade dos Portugueses votantes, preferiu que decidissem por eles em vez de contribuírem para essa decisão. Que legitimidade tem, quem nem sequer se dá ao trabalho de ir votar, de reclamar contra o governo e as suas medidas? Se não estão dispostos a ir votar, como podem reclamar do estado do país? Fico envergonhado com a falta de disposição para a democracia que mais uma vez ficou demonstrada. Parece que preferem ter alguém que decida por eles, como acontecia nuns tempos que terminaram faz em Abril 33 anos, do que terem o “trabalho” de ir votar como é seu dever cívico e decidir segundo a sua consciência.
Apesar de uma abstenção de 56,39%, este referendo foi muito mais participado do que em 1998. De uma abstenção de 68% desceu para 56,39% o que se traduz em mais um milhão de pessoas que foram votar, em relação a 1998.
Apesar de juridicamente não vinculativo, estão criadas todas as condições para a lei ser alterada em concordância com o desejo da maioria dos Portugueses que foram votar. Os votos no sim subiram muito em todos os distritos (nalguns casos a votação no sim duplicou), mesmo naqueles em que perdeu. Houve inclusivamente 3 distritos (Porto, Castelo Branco e Leiria) em que o sentido do voto mudou em relação a 1998 pois o sim venceu agora nestes distritos. Sendo assim cabe agora à Assembleia respeitar esta decisão.
É importante que todos os partidos se unam para que se possa fazer uma boa e adequada lei com a contribuição de todos. É urgente que a fractura que se deu na população Portuguesa derivada desta questão termine e se sanem as divergências, lutando por ajudar todas as mulheres, quer aquelas que desejem abortar, quer aquelas que desejem levar a gravidez até a fim, combatendo assim o flagêlo do aborto clandestino.
Congratulo-me com o resultado deste referendo, pois foi venceu a opção que eu decidi tomar e defender segundo a minha consciência.
Saúdo todos aqueles que foram votar independentemente da sua opção, pois fizeram-no segundo a sua consciência e deram o seu contributo para a resolução desta questão. Não posso deixar de agradecer a todos aqueles que com as suas opiniões e comentários efectuados aqui, contribuíram para um debate saudável e esclarecedor, que enriqueceu em muito o meu blog. A todos vós, quer aos defensores do sim, quer aos defensores do não, o meu Muito Obrigado!
Os resultados do escrutínio provisório fornecidos pelo STAPE do Ministério da Administração Interna à Comissão Nacional de Eleições, são os seguintes:
Inscritos: 8832628
Votantes: 3851613 - 43,61%
Abstenções: 4981015 - 56,39%
Brancos: 48185 - 1,25%
Nulos: 26297 - 0,68%
SIM: 2238053 - 59.25%
NÃO: 1539078 - 40.75%
posted by Outsider at 2:10 da tarde
13 Comments:
Caro OUTSIDER:
Fazes uma recolha completa de dados e complementas tal exercício com uma reflexão serena e lúcida.
Lanças um apelo com que concordo, à união de todos os verdadeiramente interessados em terminar logo que possível com os abortos "de vão de escada".
3/5 dos votantes expressaram a sua vontade.
Fiquei naturalmente satisfeito, mas triste por não haver uma maior participação.
De qualquer modo, em 8 anos,houve uma clara mudança de opinião, para melhor, na minha opinião.
Agora, o caminho é para a frente, a lei que será feita deve ser justa e equilibrada e o governo deve fornecer os meios físicos e materiais necessários às unidades de saúde.
O aconselhamento às mulheres deve ser real e eficaz e o aborto deve ser encarado como uma necessidade e nunca um capricho irresponsável.
Um abraço e parabéns pela tua lúcida análise da situação. Muitos foram os que falaram, poucos os que o fizeram com convicção e lucidez.
Olá amigo Jorge:
Até estou inchado com o elogio que me fazes, pois vindo de quem vem, deixa-me muito feliz.
Espero que de facto todos se unam para ceiar a melhor lei possivel e terminar com este flagelo do aborto clandestino.
Espero que se faça uma lei que privilegie o aconselhamento, antes de se partir para a solução final que será a interrupção da gravidez, garantindo desse modo uma opção consciente se for mesmo tomada.
Fiquei também muito satisfeito com a mudança de mentalidade que houve no nosso país, o que só vem provar que estamos a evoluir e que o povo Português já não se deixa influenciar facilmente por dá cá aquela palha.
Mais uma vez te agradeço as tuas gentis palavras, pois muito me regozijam, devido a virem de alguém por quem tenho uma elevada estima e admiração.
Um grande Abraço.
Infelizmente estou demasiado cansado para fazer um comentário minimamente lucido, mas deixo-te um grande abraço, prometendo vir cá com mais tempo, assim que puder.
PS: Já vi que estás embalado no Quid! Quando te dizia que ia estar uns tempos sem participar nunca imaginei que todo aquele avanço poderia servir para... nada! :D
Mas enfim, se ganhares fica bem entregue!
Cheguei, a navegar ou a nadra, a este blog hoje. Quanto ao seu conteúdo: gostei, boa onda.
Mas quanto a este referendo cá vai o que me vai na alma.
Os conceitos biológicos são primários os ideológicos são obra da crueldade do homem. Na beleza do pensar há sempre o desejo oculto de um poder sobre natura. O Homem desde sempre se tentou sobrepor à natureza invertendo as regras. Inversão que tem um custo e só espero que não seja a extinção do próprio homem. Já os existem em reservas, resta saber até quando. Eu sou um pouco dogmática e no espírito livre de ser biológico pensante não apelo à pré – história, mas não me gostava de dentro de pipetas de vida como garantia da minha identidade genica… aguardo o decurso deste rumo de forma atenta e apreensiva…é que ao contrário do esperado fiquei, no final do referendo e após múltiplos pareceres, com a convicção efectiva da menoridade deste povo e do desperdício da tão almejada liberdade defendida – caminhamos na busca de uma imitação europeísta.
A democracia, embora seja o melhor sistema que existe até hoje, tem ainda muitas falhas. Para funcionar bem era necessário um envolvimento e um saber que não existe nas sociedades.
A unica solução seria um trabalho de cidadania de base, em que fossem envolvidas as pessoas rua a rua na resolução dos seus problemas locais, fazendo-se assim uma educação civica e um entendimento de como se pode interveir na sociedade. Um trabalho moroso, que iria fazer despender muita energia e necessitava de muita gente empenhada. Parece-me possivel e a ceiação de pequenas associações locais o melhor meio de o fazer. falta saber se haverá essa vontade .
abraço
Olá meu caro. Não estou para grandes discursos.
Tenho pena que o povo portugues seja de memória curta. Que já não se lembre dos anos em que queria votar e não lhe era permitido. É pena que metade da população tenha medo de uma chuvinha e prefira ficar em casa do que ir manifestar o que sente em relação a algo que tem a sua gravidade e que é preciso decidir o que fazer.
Provavelmente essas mesmas pessoas, não diriam que não a ir ao futebol, ou a um conserto Pimba. Se calhar era mais importante.
Beijos.
os níveis de abstenção foram elevados, mas são os normais em todo o mundo desenvolvido para um referendo... ao contrário do que já andaram a apregoar os beatos do Não, não retiram legitimidade ao referendo!
Sá Morais:
Não te procupes meu amigo. O motivo é mais que válido.
Um grande Abraço.
maria manuel:
Seja muito bem vinda ao meu modesto cantinho. Fico muito satisfeito por ter gostado do conteúdo.
Quanto ao referendo, compreendo e respeito a sua posição, assim como respeito todas as opiniões que sejam coerentes, como é fácil de verificar pelos comentários nos posts anteriores acerca deste assunto.
Fico a aguardar uma nova visita, será sempre bem vinda. Volte Sempre!
Um Abraço.
Kaos:
Esperemos que a vontade de criar essas associações seja grande e que consigamos fazer esse trabalho de cidadania tão necessário.
Um Abraço.
Pandora:
Olá! Infelizmente o que diz é bem verdade e parece que não damos valor nehum aos direitos e deveres que tanto custaram a conquistar. Ouve quem preferisse ficar em casa di que cumprir o seu dever cívico e é isso que me entristece.
Beijos.
Rui Martins:
O que dizes é bem verdade e o facto de não ser legalmente vinculativo, uma vitória por quase 20% dá toda a legitimidade à mudança da lei.
Apenas me entristece que o nosso povo não vá votar e depois reclame...
Um Abraço.
1. Hoje é dia 13 de Fevereiro, apenas 2 dias passaram sobre o referendo e, ao contrário do que foi dito pelos representantes do governo durante a campanha, ouvi o Ministro da Justiça (acho que era ele), no rádio, a dizer que o aconselhamento jamais seria obrigatório. Fica a nota, especialmente porque tu, amigo Outsider, falas nisso numa resposta deste post. Admito a derrota do "Não", mas enojam-me as subtilezas (serão subtis?) sujas dos políticos para atingir a todo o custo os seus fins. Promete-se o aconselhamento para iludir o povo e agora dá-se o dito pelo não dito. Isso é chamar "estúpido" a cada cidadão votante. Sim, votante, porque os outros estão-se nas tintas para o que se passa e desde que o Estado continue a pagar os subsídios e as rendas, até podem meter lá um macaco no lugar de Primeiro-Ministro. Hmmmm, seria inédito?
2. Desagrada-me o tom com que muito falam disto, e tu também, definindo esta mudança como "evolução". Achas tu e eu respeito, mas não concordo. E, desengana-te, o povo cada vez mais deixa-se influenciar por dá cá aquela palha. E não digo isto por causa deste referendo. Esqueçamos o referendo por uns segundos. Se somos um povo cada vez mais inculto, cada vez menos civilizado, cada vez menos informado, cada vez menos participativo, como podemos deixar de ser influenciáveis "por dá cá aquela palha". Somos um povo com qualidades fantásticas, é verdade, mas a cultura vigente não é a do mérito. O nosso comportamento nas estradas, a cultura da espertalhice, a cultura da cunha, a cultura da irresponsabilidade, até aquela que fugiu para o Brasil e voltou para presidente da câmara, o que ofereceu electrodomésticos e ganhou as eleições, a que mudou os PDM para os terrenos do marido valorizarem, eu sei lá... Quantos foram responder perante a Justiça? Isto é um país de gente consciente? E que ganhasse o Não, a minha opinião era a mesma. Mas falar de evolução é apenas ver um prisma. Será que nós estamos a evoluir enquanto povo? Caramba, pega num livro do Eça de Queiroz e vê as descrições que ele faz dos nossos políticos e das sessões legislativas. Mas aquilo podia ter sido escrito hoje!
3. Imitação europeísta foi uma bela descrição que li num outro comentário. Pena que o Sr. Eng. José Sousa, Primeiro-Ministro de Portugal, não tenha a mesma ambição em equiparar Portugal ao resto da Europa nos salários, nos impostos, na Educação, etc. Hoje não somos mais evoluídos porque temos a liberalização do aborto até às 10 semanas. Sê-lo-iamos se tivessemos mais hábitos de leitura, se o Português médio soubesse interpretar as manchas gráficas que lê e deixasse de ser "analfabeto funcional". Sê-lo-iamos se ganhassemos o que ganha um Europeu médio. Sê-lo-iamos se a Justiça não fosse uma instituição desajustada, descredibilizada, desrespeitada. Sê-lo-iamos se respeitássemos a Democracia, participando quando necessário. Desse o Primeiro Ministro ordem para referendar a lei numa 2ªfeira e uma tarde livre para quem fosse votar e era ver as urnas com filas intermináveis. Até se desse uma caneta ou um porta-chaves a quem fosse votar, de certeza que a abstenção diminuía. Sim, porque o Português médio gosta de ofertas, por mais inúteis que sejam. Sinceramente, não sinto o país mais evoluído hoje. Nem menos! A opção foi tomada democraticamente e é legítima, no meu entender. Mas é pena que o povo vá em cantigas e fique a pensar que agora já somos um povo moderno. Não somos. Daqui a uns dias esfuma-se a euforia desta coisada toda e lá voltamos nós a cair na realidade do costume. Na crise. No discurso da tanga. Cada vez que o governo anuncia o encerramento de uma Urgência no interior, cada vez que anuncia o encerramento de uma Escola Primária com mais de 20 alunos (sim, agora vão começar a fechar essas), o encerramento de uma esquadra numa terra do interior, isso sim, significa que estamos a ficar mais pobres, mais tristes e mais atrasados. Depois lá nos vendem as ilusões da evolução... "Sic transit gloria mundi"
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